Amor de si emprestado

2014-06-30 13.40.23

Amor
Ingênuo amor
Pobre criança temerosa
Que teima
E teima
Até queimar os miolos
Nó cego do juízo
Sem lei
Sem rei
Só servidor

Deite na cama
E fique
Espreguice
Descanse da loucura
Aproveite a noite
O dia de não ter obrigação
Só ter o outro
Sem planos
Desfrute

Viva esta tensão
Do que é e do que pode ser
Lhe dou a mão,  as coxas e o sorriso
Olho nos teus olhos
Em busca de explicação
Viajo em mim

Me permite?
Usar uma pouco do teu universo para saber mais sobre o meu
Sou um pouco lenta neste assunto
Preciso de alguém para me botar a parte desta mulher que sou

Sei que não é meu
E o mistério de si é o que nos enlaça
Me perco um pouco dentro de vc, mas sempre buscando a mim
E retorno, sempre há o retorno
A volta a si

E isso é egoísta
Sempre vai ser
E é bom que seja

voltar a semear

papel_semente-711227

Volto com a sensação de vida
Uma inquietude certa de algo que achei que não sabia

Escrevi em algum lugar sem um devido porquê
“estou prestes a descobrir algo”

E tentando encontrar qualquer coisa menos este algo ai
Continuo sem saber
Mas ando desconfiada
Um pé atrás
Aqui ponho um tanto de peso meu

Peso de vida
Não toda vida
Um tanto só
Só que já é grande
E nem sozinho é
É um só mais de sol do que de lua
Em sonho antigo

Pescado por esta sensação de viagem sem chão
Me veio um delírio de algo

Algo aqui
Estou no Piauí
Aqui, seria lá, aqui do lado
No Ceará
Este algo, que ando visitando
Virou um pedaço de chão que ando pisando

As vezes vou pra cima, mas normalmente
O mais seguro é só um leve apoio
Com maciez e textura
É um contato que vive em tensão de virar ponte
Vínculo

Uma fome que não se deixa saciar
Quando tem comida não tem colher
Quando tem talher a comida tá fria
Há algo no vácuo
Sem resposta…

No entanto
As suas mentiras me levaram a uma verdade que não conhecia
Me fez buscar algo que não sabia bem
Algo meu
Minha semente fermentada no mundo
Que não é de ninguém, que veio de mim
Sai de mim e sempre volta

Família