Você chegou.
Invadiu, desatou.
Não abri. Desconsiderei..
mas deixei cair meu olhar em tua sombra.
E ela me pareceu leve, arteira de riso despreocupado.
Agora pela manhã me estendo pelo mundo.
Preguiçosamente a cidade vai entrando em mim,
sem tanta pressa.
Os nervos despercebem a agonia do movimento caótico urbano.
Os resquícios das promessas e declarações perduram pelo corpo.
Embora não haja corpo, em toda minha superfície há arrepios, volumes e calores nomeados e vivenciados.
Do intelecto, tão sempre comedido,
há espaço para o corpóreo.
O que há são desbundes.
São transbordamentos de excessividades.
Há tanto, para poder chegar a quase ser corpo.
Há humanidades exageradas para chegar a ser, o que não ainda pode ser.
Você entrou com o pé na porta.
Invadiu todos os cômodos.
Exibido, certo de si e de suas certezas.
Desbravador e cheio de coragem.
Desmedido nessa necessidade de tanto.
Acostumado a tanto.
Há um quê de descrença em teus próprios efeitos.
De acreditar que excessivamente causa excesso naqueles que atravessa.
Desenfreado, mais doce, cheio de sabores e cores.
Como todo amor é e sempre será.