Na cidade há muita tendência a solidão.
Para todo problema se constrói um muro.
E para cada muro que se ergue
se esvai todas as possibilidades de vida, de família.
A família, esta instituição… agora se fala até em multa.
Se multa por não fechar o portão
Tem pena, tem castigo…
Não tem olho, não tem coração
Justiça?
Qual?
O justo é o que ajusto no meu espaço
é aquilo que fica perifericamente situado na ideia de que tenho de felicidade.
Felicidade?
A anestesia pegou forte.
Não não sinto dor, não, não sinto.
Adormeci em meus sentidos, fechei a janela do quarto..
O vento só sabe é desfazer meu cabelo
Vivo no limbo, meus pés já sufocaram
As palavras só me servem como o adoçante…
Elas simulam o sabor doce,
Mas não há açúcar de verdade
Não há
há
haaaa
O que há?
Eu
Eu há no mundo
Os outros?
Estão lá no “há” deles
Na cidade há muita tendência para solidão