Amor em Fernando Pessoa

 

“(…)
Quando te vi amei-te já muito antes:
  

Tornei a achar-te quando te encontrei.  
Nasci pra ti antes de haver o mundo.  
Não há cousa feliz ou hora alegre  
Que eu tenha tido pela vida fora,  
Que o não fosse porque te previa,  
Porque dormias nela tu futuro.  
……………………………………………………………  
E eu soube-o só depois, quando te vi,  
E tive para mim melhor sentido,  
E o meu passado foi como uma ‘strada  
Iluminada pela frente, quando  
O carro com lanternas vira a curva  
Do caminho e já a noite é toda humana.  
……………………………………………………………  
Quando eu era pequena, sinto que eu  
Amava-te já longe, mas de longe…  
……………………………………………………………  
Amor, diz qualquer cousa que eu te sinta!  
— Compreendo-te tanto que não sinto,  
Oh coração exterior ao meu!  
Fatalidade, filha do destino  
E das leis que há no fundo deste mundo!  
Que és tu a mim que eu compreenda ao ponto  
De o sentir…? 
(…)”

Se lê mais aqui: http://www.revista.agulha.nom.br/fpesso50.html

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